Um olhar sob o mundo

Por que é tão difícil olharmos o mundo onde vivemos? Lançar o olhar sobre a realidade?

No fundo, acho que todos sabemos que, se procurarmos, vamos ver o que não queremos ver. Violência, descaso, abandono, fome, desastres naturais. Isso tudo nos desanima e faz com que nos fechamos em nós mesmos.

Quando penso seriamente no que vejo, percebo que nosso olhar está acostumado a procurar a maldade em todo canto. E sempre vai achar, porque ela ainda existe em todos os cantos desse nosso mundo. Então, o que fazer? Ignorar a realidade? Criar um mundo perfeito e ilusório e escolher viver nele?

A resposta para mim é clara: não. Claro que não. O grande problema é a ação de não ignorar, não se fechar em ilusões. E o contraponto disso é perder a esperança, o otimismo, a vontade de fazer diferente. Nos vemos diante de um dilema.

Nessas horas, creio que devamos ser simplistas: seriedade e alegria, tudo tem seu momento. Mas fico pensando:  seriedade exclui sentimentos positivos? Ter a capacidade de analisar com cuidado e critério uma situação significa ser pessimista quanto a tudo que ela representa? Pois é. Acho que é nisso que sempre erramos. A fome na África. Sim, é real. Extremamente sério. Mas há uma solução? Já ouvi dizer que sim, mas não sou especialista no assunto para apontar quais medidas devem ser tomadas para que a fome seja erradicada. Mas eu, Karina, vendo a fome na África, faço o que? Eis o ponto complicado! Nessas horas, cada um faz sua escolha: lamenta, ignora, faz uma doação a uma ONG que lá atue, enfim... Só posso dizer que admiro quem fez a doação, porque com certeza enxergou uma forma de agir onde a maioria não viu solução. Claro que cada um faz o que dá conta e não sou eu e nem ninguém que deve dizer ou julgar a maneira de agir dos outros. Mas... como não admirar Madre Tereza de Calcutá? ou Gandhi? Nelson Mandela? Jesus? Todos esses enxergaram, pensaram e agiram diferente.

E o mundo era assim tão diferente? Tinha mais ou menos violência, descaso, abandono, fome, desastres naturais?  Claro que diferenças existem, mas a essência da humanidade não mudou tanto de lá para cá, se considerarmos a época de Jesus como ponto de partida. A diferença é exatamente o olhar de cada um sobre as coisas, e principalmente, o agir.

Pois então. Mudemos o olhar. O pensar. O agir. Não é fácil, mas necessário. E melhor. Por mais lindo que um mundo ilusório possa parecer, ele é intocável. Só existe na nossa cabeça. Melhor será quando soubermos ver o nosso mundo e enxergar nosso lugar nele, que espera a nossa ação. Pensar na África soa distante. Mas é nosso mundo real. E é ele que precisa de nós. Que possamos ao menos sermos otimistas. Pensamento positivo, até onde eu saiba, nunca fez mal a ninguém, muito pelo contrário. Mas se não a África, olhemos nosso mundo interior, nosso Eu. Admitamos que precisamos mudar nosso modo de pensar e agir. E para quem tem a certeza de que está no caminho certo, siga-o com a mesma certeza de que sempre temos muito o que aprender.


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